La bhoème.
Quando o sol se põe, O coração vira janela, Prepara o parapeito, E gira a tramela.
Quando a noite vem, O coração é taberna, Rolam músicas e bebidas, A assanhar a caserna.
Quando rompe a madrugada O coração é sozinho, Num vazio que o corta, E o faz pequenininho!
E quando surge o arrebol, O coração é estrela, Querendo precipitar, Na tua cama para tê-la.
Quando por fim raia o dia, O coração cai na real, Qual o frustrado ladrão, Que tanto quis e se deu mal.
Quando vive um desengano, O coração, de pronto, se entrega, Aos ledos frenesis das noites, O que a vida de dia lhe nega. (RAS)
Enviado por (RAS) em 16/12/2024
Alterado em 17/12/2024 |