A sombra que à noite vaga.
As luzes noturnas clareiam espaços públicos: becos, galerias e vitrines… As luzes noturnas encandeiam-me os pensamentos e fluorescem a abóboda celeste, tal qual a noturna Paris… A luz lunar a pratear os desérticos lougradouros, carentes de sinais de vidas, somente a minha, a todo vazio resiste, A mostrar-me, pelas altas horas, que o que me segue nessa “via crucis” é tão somente a minha arrastada sombra, cansada e sonolenta, como a carregar o meu incômodo fardo, que se transborda de tristeza e desesperança… Não sou digno de que saciem a minha sede com um pedaço de pano, na ponta de uma lança, encharcado de vinagre, Mas amarga-me a boca e o dia, qualquer dose de realidade… Qualquer sinal de amanhecer… E é tamanha a tristeza e amargor, que chego à conclusão que não é minha sombra que me segue, mas pelo que ela carrega, sou eu a fugir o tempo todo dela. (RAS)
Enviado por (RAS) em 23/07/2024
Alterado em 23/07/2024 |