TEMPESTUOSA PAIXÃO. Ages em mim qual enxurrada de uma tempestade de verão, Obstruis meu coração através de veias enlameadas de amargura, Coagulas meu sangue com entulhos e lixos de sentimentos, Num turbilhão de destruição, que não proporciona vazão à alegria. Trovoadas de arrogância e relâmpagos de insensatez te anunciam, Envolvendo-me em nuvens negras e carregadas de medo e insegurança. Ao precipitares sobre mim, inunda-me de desamor e pânico, Obrigando-me a decretar estado de calamidade E rogar aos céus para que não venhas no próximo verão, Enquanto eu providencio o socorro e abrigo, Para uma alma arrasada e destruída pela própria estupidez. Quisera eu prever a chegada desta frente fria Que traz consigo tão arrebatadora paixão! E não há lucidez que ature, bonança que perdure Ou loucura que te supere E nem mandingas que de mim te afaste... E eu já fiz de tudo: coreografei ao avesso a dança da chuva e até sal no fogo joguei... Deságua-te em mim com teus raios, trovões e repentinos escurecer Pois, enquanto eu for capaz de desviar-me das poças de ceticismo, Estarei pronto para novas recaídas e verões. Muitos guarda-chuvas ainda terei que abrir, Até entender que para suportar-te terei que deixar meu destino à mercê de teus trucidadores vendavais. (RAS)
Enviado por (RAS) em 07/01/2008
Alterado em 31/01/2023 |