(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos



SIMPLESMENTE FLORES.

Indiferentes, mas não diferentes.
Adaptadas aos espinhos do ofício
Escolhem o vermelho-paixão que inebriam,
Para as irresistíveis pétalas que vestem
E como flores, não falam... fingem!
Exalam finos perfumes, tão eficientemente,
Que os abstinentes e sedentos,
Extáticos se deleitam e se deixam levar...
E se lambuzam como crianças...

Rusticamente, afloram nos jardins públicos,
Onde florescem e são defloradas.

Daí é um eterno vestir-se e despir-se...
Expostas ao bem-me-quer-mal-me-quer
Dos peões, infratores, bêbados e patrões
E, comumente, ao mal-me-quer dos cônjuges 
Incautos,
Espalham seus aromas de cio,
Até que lhas atirem a primeira pedra.

Contam que se dão no ofício mais antigo,
Odiadas, malditas...
Mas toleradas, por serem tão necessárias.

Avivam as noites, as praças, becos e muros.
Avessas aos altares e lares evitam o beijo,
Pois temem se envolverem
E serem traídas pelas peripécias
Do próprio ardil.

Adeptas ao mato, alheias aos carrapatos
cumprem suas sinas:
Encantam, iludem, saciam, vendem-se e,
portanto pecam.
Poupadas, pelo fato de que todos erram,
Quando colhidas formam buquês...
e arranjos... e mimos...
E, inevitavelmente, pelo menos uma
vez na vida, por tantos foram cheiradas.

Então, o desprovido de olfato,
Que arranque a primeira pétala!
(RAS)
Enviado por (RAS) em 05/01/2008
Alterado em 30/01/2023


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