Ardor.
De longe, muito longe, a abranger as dimensões tempo e espaço, Numa espécie de túnel do tempo, vem a ecoar “La Malagueña”, Em seus agudos, na dulcíssima voz, que penetram e encantam a alma… E eu vejo, à guarânia, suas castanholas a vibrarem, Quais chocalhos da desperta víbora, a anunciar aproximações, Vejo seus olhinhos de águia a sorrirem, Numa performance dançante, astral… A trigueira cor a se projetar em nuances, envolta num translúcido vestido cigano escarlate, Uma bandana preta, com figuras esotéricas em cinza, com predominância de flores, A moldar e salientar o seu belíssimo rosto, Enquanto o rubro vestido se molda ao seu corpo, a suscitar imagens fascinantes, A evidenciar seus contornos que assanham meus mais insopitáveis quereres… Uma noite, uma fogueira e aquilo tudo… Sonhos chegam-me em fragmentos, Quais rolos de filmes de fotografias, quadro a quadro, Com cenas que nem a mais densa poeira do tempo consegue apagar, Com tal quantidade de pixels, que extrapolam a realidade… E que, por tanto ardor, exige-se o paradoxal sobrestamento… Por fim, alheio aos ígneos desejos meus, De súbito e invariavelmente, sou para o mundo desperto… (RAS)
Enviado por (RAS) em 16/04/2024
Alterado em 16/04/2024 |