SACRILÉGIO.
Ritos finais:
P.: -Felizes os contemplados pela mídia,
Pois deles será o reino do supérfluo,
Filhos da ganância e da perfídia
De um mundo doentio e acéfalo.
T.: -Felizes os convidados para a ceia política,
Pois deles será o livre sacrilégio,
P.: -Inatingíveis pela seta aguda da crítica
Aquecerão, eternamente, o manto régio.
T.: -“Não sou digno de governar-te neste pleito,
Mas te convenço pela mídia e serei eleito.
Matarei a tua fome
E te darei o que vestir
P.: -E quem sabe a vida eterna,
Se votares só em mim?”.
P.: -Feliz é a América Católica,
Que mesmo na cólica consegue sorrir,
T.: -No covil da opulência e da miséria,
Um sorriso postiço vai abrir.
P.: -E em nome da conveniência
Impera a incompetência,
T.: -Em nome da bota nova, da dentadura,
Do voto comprado pela pinga pura:
P.: -ide em paz
Que a ignorância vos acompanhe,
T.: -Amém!