(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos

A saga de um agradecido curumim.

 

Já virei madrugada tomando conta de Judas,

Já adentrei em matas, reino de Xangô, 

Já gangorrei em cipó, feito símios e Tarzan…

Já fiquei preso pelas pernas, nas locas do Caboclo D’Água, feitor fiel e obediente… 

E só fui solto por ser chegado de Iara…

Eu vasculhei as noites, em busca de nada,

Varei rios, venci morros, cruzei estradas…

Fui tantos heróis… corria e rastejava. 

A fugir das carrancas, qual peixe nadava,

E para cuidar de fantasmas eu também voava.

Fui índio, Zumbi e capataz nos carnavais,

Usei espadas, espingardas, revólveres e cavalos,

Usei chapéu de cowboy e capa para voar… 

Passei por terreiros de Ogum,

Sobrevoei o universo de Oxalá, 

Incorporei Quixote e amei tantas Dulcinéias!

Quantas vezes joguei no ilusório Maraca, com mais de cento e cinquenta mil pessoas…

E acordava abraçado à bola Pelé…

Que quanto efeito pegava! 

Fui médico, feiticeiro, fiz chover…

Chorei, em caco de vidro pisei, minha mãe assoprou, incrível, não é que eu sarei? 

Com quebranto muitas vezes fui benzido, 

Agradeço as benzedeiras, as parteiras, madrinhas e mães de leite…

Tudo foi tão bom que não consigo esquecer…

Agora, pra lá de feliz, posso dizer, às crianças de hoje, 

O que é, realmente, viver!

(RAS)
Enviado por (RAS) em 02/04/2024
Alterado em 03/04/2024


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras