Murais de “La Gioconda.”
Porque sorrateira me sondas, Gioconda, A flutuar, fluídica, em gôndolas, Se nem sou tua Veneza? Porque devoras-me com esse olhar cativante E fazes de meus sonhos Teus domínios e realeza?
Porque condenaste-me às noites errantes, Ao direcionar-me enigmático e enfático sorriso, Ao navegar, assim, exuberante, Por meus canais fervilhantes De azimutes imprecisos?
Porque remas, de mim, tão longe? E dos meus olhos, por ti atentos, não escondes, Teus irresistíveis encantos… Ó minha exclusiva Gioconda! Foi tudo cinismo? Responda! Pelo que não cessa o meu pranto?
A tua inconfundível imagem, ó midiática Gioconda! Em uma moldura redonda, É ícone no meu pensamento, Como o atalaia que ronda, Como o trovão que estronda, A ignorar, por ti, meus ávidos, sôfregos lamentos. Ó platônica Gioconda, Não me desdenhes, assim, tão hedionda! Não banques as ígneas, a incendiar meus tormentos.
(RAS)
Enviado por (RAS) em 12/11/2023
Alterado em 12/11/2023 |