Apegos.
Ali, naquele descampado, Criei meu gado, de poucas cabeças. Ali, onde o sol dourado, doira todo o prado, Para que eu ali permaneça.
Ali, onde no céu limpinho, Branco e azulzinho, Deus se manifesta. Ali, eu construí meu ninho, levei meu amorzinho, Ser só dela é o que me resta…
Ali, ouve-se o motor de um tracionado, Vê-se a serventia do arame farpado, O ranger saudoso de um carro de boi… Ali, eu manuseio o arado, num espaço abençoado, Que estéril, nunca me foi…
Ali, o meu corpo é resguardado, pelos meus Orixás amparado, Sou dentro da fé conduzido. E o lugar é uma lindeza, qual um brinco de princesa, Um jardim de bênçãos florido…
Ali, a noite me faz pequeno, céu de estrelas, véu de sereno, Tão bucólico aquele torrão! Onde Deus com um aceno, no Seu hausto amorável e pleno, Assentou meu coração.
Eu conheço cada várzea, cada pasto E quando deles me afasto, é um vazio terrível! A saudade invade o peito, juro, nem durmo direito Um desassossego incrível!
A lua de amor e airosa, a querer se meter na prosa, Minha e do meu bem… Os bichos querendo escutar, as modas que eu vou cantar, Só para ela e mais ninguém.
E a lida diária termina, na noite de amor que fascina, Cada quadrante da imensidão do céu; Assim, a vida me ensina, seja lâmpada, luar, lamparina, Seja o telhado sapé ou de telhas, Que esteja o favo repleto de abelhas, O que importa, é a doçura do mel. (RAS)
Enviado por (RAS) em 21/07/2023
Alterado em 21/07/2023 |