O inebriante feitio dos meus sonhos.
Eu vi nos seus olhos Um repentino umedecimento, trazendo para os meus atentos, a leitura de uma indômita sensação… Eu vi no seu semblante Um movimento indiscretamente fulminante, a exalar secretíssimos desejos… Eu senti na sua mão Uma vazão de turbilhões de estremecimentos a bombardear e bambear-te o pudor… E vi na tua pele Como se fossem bilhões de átomos em erupção a arrepiar-te… E no teu rosto enrubescido e quente, Eu o senti como a preparar-se para a recepção de uma lágrima antiga e triste… E num abraço de almas, Senti a vibrante cadência do seu coração, em intenso desabafo de saudades… E senti, na força dos seus braços, Uma imensa vontade de vencilhar-se para sempre a mim, qual uma tatuagem ou providencial cicatriz… Vi, de olhos fechados, pelo calor, Sua boca em busca da minha, freneticamente, para calar meus incontroláveis murmúrios… Vi teus olhos “pidões” a me implorar veementemente, não se vá, nunca mais!!! E, de repente, me vi soltando gritos de descrenças e inaudíveis… mas só você não os ouvia, o mundo inteiro sim… A quentura do seu corpo, não mais senti, um frio e um vazio preencheram-me o extasiado e ilusionado corpo… Eu a vi se afastando… Você foi, de mim, se afastando, a fluidificar, a esvair-se, a deixar-me lentamente, a marcar bem a sua encantadora presença… E para sacramentar aquele denegado momento, deixou aquele sorriso escapar, um sorriso lindo de quem quer marcar a despedida que, por fim, também desilude… desengana… como a açoitar a minha perplexa e tristonha alma… Assim, meus quereres se sucedem, sempre na espera de à noite, poder mais uma vez te sentir, te rever, mas sem, egoisticamente, Inexplicavelmente, como toda vez se faz, de ciúmes se ressentir… (RAS)
Enviado por (RAS) em 24/05/2023
Alterado em 24/05/2023 |