Coração, o canto da saudade.
Ah, saudade, hipérbole das distâncias, Motivadora dos desânimos, Mãe dos vazios, das insuportáveis solidões… Mãe das mais ardentes e contundentes dores, Jazigo dos sorrisos plenos… Inspiradora das mais tristes odes, Trazes no teu cerne tanta melancolia! Turvas os olhos com vultosas lágrimas, Enquanto o coração amolecido se apequena…
Às vezes, compõe-se uma canção, Noutras, foge-se do mundo. Abatido, o olhar perde-se em buscas vãs… O sol aquece um tão curto espaço de tempo… E a noite traz nos seus silêncios, Sons estrídulos de sonhos atordoantes, Quase sempre indecifráveis… E quanto mais a saudade definha o coração, Mais vulneráveis as suas paredes… Mais sucetíveis aos inevitáveis e súbitos prantos… Sequelas de se viver lindos tempos idos… E, no final, torná-los, gratuitamente, apenas rescaldos… Tanto desperdício, envolto em tanta insensatez! E há outras que, dali, vazam e invadem, ainda mais doridamente, a já empobrecida alma. (RAS)
Enviado por (RAS) em 20/07/2022
Alterado em 20/07/2022 |