Inconsistências.
Minha amiga, O tempo cuida de autenticar verdades e ilusões… As paixões se derretem nos próprios fulgores, Os doces rapidamente se dissolvem em gulosas e ansiosas bocas… Minha amiga, Há apenas pesadelos nos conturbados sonos, Os sonhos ficam sem enredos e distanciam-se dos proscênios, As emoções hibernam nas realidades, enquanto as desilusões reagem como gases lacrimogêneos… Ah, minha amiga, não se esqueça: os reinados são tão fugazes! De repente os súditos pechincham em reinos mais promissores… O ex rei é morto por sua inutilidade, esquecido até pelos mais reles dos oportunistas. Não há valia no amor ou na amizade de um rei deposto, assim, vulnerável, restam-lhe os ataques com chamas dos seus íntimos dragões, Não há mais sol, nem favores, não há proteção, nem regalias, cessam todos os fascínios… O que faz algo perdurar são as suas funcionalidades, num determinado sistema ou contexto… Por fim, minha amiga, Nada a distingue da massa, aqui, a pelejar ou no modo dela agir e pensar, tudo trivial... Amiga, você não feriu regra alguma: Tudo ocorre exatamente como o poço que secou e perdeu sua finalidade, ninguém ali permanece para velá-lo, fura-se outro, alhures. Infantil crer que na vida real os reis sobrevivem sem majestade… nem nas mais surreais ou pueris fábulas... Sem corte... sem súditos, o rei está definitivamente nu! Minha dileta amiga, sempre haverá sim, algo bem mais real do que os reis: as suas humanas realidades.
(RAS)
Enviado por (RAS) em 05/06/2022
Alterado em 09/06/2022 |