Revivescências…
Quão bons eram os tempos das visitas,
Das cartas quase em lágrimas escritas,
Colocando em risco a textura do papel!
Quantas delícias nas mesas postas,
Dietas livres de culpas, nada impostas…
Nunca beirei tanto um pedacinho do céu!
Nas despedidas: "vá com Deus e em paz!"
Haviam as bençãos de avós e dos pais…
Na viuvez, o preto, e o rosto sob o véu…
Os mestres lecionavam de jalecos brancos,
Merendas quentes comidas pelos flancos.
Tempo lindo, bem vivido, naquele passado…
Os casais dançavam agarradinhos,
Muitos amores tinham início nos bailinhos,
Pelos vinis nas vitrolinhas embalados...
Tempos das broas de fubá, dos bolinhos de chuva,
Pão com salame e o Q-Suco de uva,
As escolas, seus valores e seus uniformes…
Os caprichos das mães, o respeito dos filhos,
As vezes os convívios saíam dos trilhos,
E bastava um olhar, para volta aos conformes.
O professor sempre tinha razão,
Nos tempos das tabuadas, da Admissão,
Dos puxões de orelhas e das "reguadas"…
E muito acionados os Anjos da Guarda,
Nas inopinadas sabatinas, sem colas na mão.
Ah, os Reinados de Momo, de rua e de salão...
Tempos que o gato devorava o rato,
O cachorro não se dava com o gato,
Comiam restos, não se falava em ração.
Tempos de dificuldades, mas da real liberdade,
Havia menos maldade, muito mais compreensão.
Tempos que o tempo não apaga,
E com as minhas lembranças faz vaga
E estaciona no meu coração.