Com tua devida vênia.
Quando os dias tornam-se iguais, Vê-se os mesmos navios pelos cais, Quando incomodam os risinhos dos casais... Quando lágrimas toldam os teus olhos tristes, A tirar-te a beleza de tudo que existe, E um soluçar emotivo e ruidoso persiste... E a noite se alonga fria e vazia, O sol fervilha a queimar-te a alegria, O céu que escurece, a tempestade anuncia... Quando a bela canção os teus ouvidos irrita, Quando as tuas palavras se tornam malditas, Quando a dor da ausência sobre ti precipita… Se até os teus amigos se tornam empecilho, Qual cisco medonho que te rompe os cílios, Qual o tempo que age a tirar-te o brilho… Quando as horas emperram e tornam-se infindas, E as rosas viçosas já não são tão mais lindas, Se com a amarga bebida, com a vida não brindas... Está na hora do soro, ou dos anjos, em coro, Aceitarem por fim tua entrega, Ou é hora de teres alta, Correres atrás do que falta: O que a tua apatia, Com a devida vênia, te nega. (RAS)
Enviado por (RAS) em 02/09/2021
Alterado em 02/09/2021 |