Os teus ursinhos branquinhos, fofinhos a derreterem nos polos… Há algo importantíssimo, eu diria essencial, a ser feito para salvar o nosso planeta, algo que preserve biotas e o meio ambiente, algo que promova a harmonia entre os homens, algo mais prático e bem menos utópico. Primeiro é não alardear, a presumir em tudo o fim do mundo, transferir problemas, tornando-os inalcançáveis, ignorando, sob teu nariz, fezes à céu aberto, almas errantes ao relento e fome escancarada na teimosia dos corpos definhados em busca, sem forças, da esperança de serem a tempo por ti percebidos e apercebidos… há tantas coisas triste e prementes, bem a tua frente! O algo urge, não nos polos a derreterem, mas ao teu lado a mal cheirarem. Esse algo precioso que falta é que faças a tua parte e ajas nos teus perceptíveis e alcançáveis arredores, a começares em ti mesmo. Não se trata de um argueiro que se sopra e sara, mas de uma trave nos teus olhos a cegar-te, uma inconsciente e instintiva égide que empunhas e que mais e mais te aliena, adota tua boca de plausíveis e encantadores vocábulos a formarem sentenças que te poupam e, defensivamente, atacam e culpam tudo e a todos, enquanto arreda-te do tão próximo, cruel e incômodo mundo real, que bem no teu quintal ou, às vezes na tua sala de insensata e infindável espera, dá a luz todos os dias. (RAS)
Enviado por (RAS) em 30/08/2021
Alterado em 30/08/2021 |