(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos

Reveses.

Entre pensamentos assaz contritos,
Sobre ensejos e desejos aflitos,
Ruge e tange no vazio esse grito,
Numa saudade aguda, absurda a arder!

Entre quereres vorazes, portanto, contidos,
Sem rumo, sem plumo, pelo mundo perdidos,
Entre lembranças, heranças dos tempos já idos,
Faz-se aflito, desdito, o distanciado prazer.

Eis um jogador a implorar a sorte arredia, 
Um caçador que a caça de súbito desvia,
O documento rasurado sem segunda via,
Um zumbi sedento ao relento do anoitecer.

Em devaneios e anseios a vadear perdido,
Na esperança que alcança, cegamente, esquecido,
De boas cartas, precocemente, desprovido,
As que restaram enganaram, por na manga reter.

Revelado na foto preto e branco, triste e fria,
A solidão na multidão, na noite escura se fazia,
O emergir da precisão, da suma carestia,
Um lavrador de ilusão que só a dor pôde colher.

E o grito ainda ecoa, à toa, sem qualquer finalidade,  
Um grito que ressoa pelos vãos da eternidade,
Que troveja, relampeja, prenunciando tempestade, 
Um grito tão restrito, que tão somente faz chover.

(RAS)
Enviado por (RAS) em 28/07/2021
Alterado em 04/06/2025


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