Tatuando cicatrizes… nos grilhões do bem.

Há lá fora um céu arranhado, alvejado de más energias… 
Há lá fora um mundo desalmado, com ódio que dele irradia.

Há lá fora ruas invadidas, turbas perdidas,
Sedentas, famintas, desorientadas…
Há lá fora arremedos de vidas, em tudo contidas,
Em nada distintas, apenas surradas.

Há lá fora furor, desatino, senhores, moças, meninos,
A clamarem: liberdade!
Há lá fora sangue latino, cubano, genuíno, 
Em busca de dignidade…

Há lá fora um afã de domínio, que se dá com o extermínio, 
De povos e nações… 
Há lá fora o vil raciocínio, que se tornou um fascínio: 
As benignas enclausurações.

Há lá fora sinais de alerta: a fome que aperta, desperta,
Estoura a bélica barragem…
Há lá fora um povo decidido, em seu orgulho ferido, 
A se vestir de coragem.

Há lá fora um povo sofrido, abestalhado, perdido, 
Em seus direitos lesado…
Há lá fora agora, um desesperado grito,
A busca de um deus, ou de um mito 
Que o livre de ser assim tão sufocado!