O trem da vida.
O trem da vida não apita,
Não grita,
Não faz arruaça…
Mas o trem que se limita,
Deixa a vida bem sem graça…
O trem da vida se faz lida,
A velha composição trepida
Nos infindos trilhos frios,
Em lastros ou balastros,
Entre serras, mares e rios
Nos paralelos, ferríferos rastros…
Os virgens trilhos futuros,
Ora claros, ora escuros,
Rompem a sina das incertezas…
O trem puxa os vagões em fila,
Ou segue em frente ou descarrila,
Corta vales, funda vilas,
E se farta de proezas…
Quando o trem da vida passa,
As estações viram saudades,
Dos barulhos, da fumaça,
Da infância e a mocidade…
Hoje o trem da vida é lento,
Os destinos embaçados,
Mas já foi tão barulhento,
Os doces trilhos do passado.