Salmos e Tróias...
E entregar-te, de todo, o meu mundo
Foi o que de mais profundo,
Eu encontrei para te oferecer:
Ramalhetes de rosas multicores,
A combinação de outras flores,
Tudo fiz para te merecer...
No fim, foi tudo isso tão pouco,
De tanta serenata fiquei rouco,
Encharquei-me de desesperanças.
Juro, eu fiz de tudo que eu pude,
Desejei-te a amiúde,
Por fim, negaste-me as tuas tranças.
Vasculhei tronos, altares e andores,
A todos os deuses clamei favores,
De tão alto que eu a coloquei!
Agora mortal, sem um cavalo alado,
Vasculhei vilarejos, impérios, reinados,
Em nenhum deles um fio teu encontrei...
Sinto-me Páris ou mesmo o Rei Davi...
Desandei-me, encantei-me, não resisti!
Perdi bem mais que homéricas pelejas,
Depois que a vi como deusa na sacada,
Não dormia, invadia as madrugadas,
Além do bolo, desejei mais as cerejas.
Não percebi tua temperatura e profundeza,
Simplesmente mergulhei na tua beleza,
Não molhei pulsos, tampouco me benzi,
Mas foi tão cego e profundo o mergulho!
Atinei-me, aquilo era infame esbulho,
Acusei-me, condenei-me a afastar-me de ti.
Salmos e Tróias, intrigantes paranóias os causaram...
Mundos e fundos, de dogmas profundos abusaram...
Sonhos bisonhos, por caminhos medonhos ousaram...
Salmos e Tróias, virtuosos ou escórias,
Pelo muito que amaram?