(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos

Manteigas ao sol.

O coração por tão pouco se aflige!
A mão, então, um clamor redige,
Sobre a faixa de tempo que escoa...
Assim a falta tua o caos inflige
E nada, nada esse vazio corrige,
Louca saudade que a tudo atordoa

A voz se cala, o grito não ecoa,
O pranto vaza, chora-se à toa, 
Tipo o mundo em pleno lockdown
A depressão uma sirene soa,
A esperança para longe voa,
E tudo por aqui vai tão mal!

Pelas frestas do sitiado pensamento, 
A frágil alma busca sustento,
Não fez-se para isso sobressalentes. 
O tempo já não é, como outrora, lento,
Resta, agora, esse fortuito lamento
E as fraquezas expostas das gentes.

Se és eficaz ou apenas experimento,
Quero ser cobaia, pois sinto-me sedento,
De reviver tuas doridas agulhas.
São dores que hoje trariam-me alento,
És a fogueira a crepitar com o vento,
E eu, carente vítima de tuas fagulhas 

É sempre triste o distanciamento, 
O absurdo confinamento, 
Que por tanto tempo nos separa,
Ninguém pediu sobrestamento, 
O que mais quero no momento, 
É tê-la em meus braços... cara a cara.




 
(RAS)
Enviado por (RAS) em 13/05/2021
Alterado em 22/05/2021


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