Seresta.
Quando se ouve acionadas as cordas bordões de um sonoro violão,
E, de forma ágeis e apaixonadas, digitadas as suas escalas harmônicas,
Vem à mente a linda imagem daquela trazida cravada no coração,
É o momento mágico em que os olhos marejam pelas pausas afônicas.
Quando a canção executada fala de um amor, que tão breve se fez!
E a voz do violeiro invade o âmago e atinge a divisa do corpo com a alma,
E se o pensamento se turva e se entrega ao intenso sentimento de vez,
O tema que a canção suscita é tão lindo, que de tanto, o coração se acalma!
Quando chega o refrão, o auge da letra da canção, a mão caça a bebida,
A boca seca e saudosa exige algo inebriante como os calientes beijos...
E o prenúncio da última estrofe, pelo tom demonstra ser muito sofrida...
E na obra triste, mais um refrão insiste, em despertar os febris desejos.
Assim são digitados os últimos acordes, pelo vivido e habilidoso artista,
Com as flagrantes tristezas dos tons menores, o ambiente rega,
A música traduz a vida e a embala e quanto mais triste, mais realista,
E eis que por mais paradoxal, é a isso ao que o ávido ouvinte se entrega.