A última estação.
Há tão pouco, amassávamos nossos mornos
lençóis,
Varávamos os longos arrebóis...
Acordávamos cansados, felizes.
Há tão pouco, sabíamos tanto de nós,
Pelo olhar, pelo tom da voz,
Desconhecíamos conflitos e crises.
Há tão pouco, éramos um amor indestrutível,
De cumplicidade incrível...
Sonhos comuns... coincidentes.
Há tão pouco, éramos um só,
Em laço, jura, amarrados em nó,
Em risos, afetos de eternos nubentes.
Há tão pouco, as estações na nossa vida,
Passavam despercebidas...
Éramos mais, muito mais importantes!
A estrada era de ferro, mas florida,
Rosas… dálias… margaridas,
Nos tornavam mais amigos, mais amantes...
Há tão pouco, o nosso jardim nos sorria,
Recanto da nossa alegria,
Que tanto o nosso amor perfumou...
As flores que ali desabrochavam,
Nos uniam, nos encantavam,
Até que na estação, um último outono apitou…
Há tão pouco, nem percebíamos que o trem
nos transitava ...partia… voltava…
Lotado de fins.