Há lógica? Quem diria?

Certa vez, eu me pus a me indagar:
Eu não tenho medo de avião, 
Por que eu tenho do mar?

Não sei nem usar paraquedas, 
Mas sei um arremedo de nadar...
Então por que eu tenho, meu Deus,
Tanto medo do alto mar?

Eu descobri que é tão sábio, tanto medo!
Resta-nos, em tempo, compreendê-lo, 
Ele nos protege em segredo,
Por isso, jamais tenha vergonha de tê-lo. 

Se a embarcação em alto mar afunda,
E a aeronave em qualquer lugar desaba, 
A vã esperança te inunda, 
Pois a tua energia se acaba.

Em alto mar vais vãmente se debater,
E as profundezas, certamente, irão te sugar...
No avião nem chance vais ter,
De qualquer paraquedas alcançar. 

Então, agora esse meu medo compreendo,
Sim, melhor é a queda de um avião... 
No mar morrerei me debatendo,
Na queda, já me desintegro no chão. 

Taí, meio funesto, mas acho que há lógica.
Rapidez nem sempre é inimiga da perfeição, 
A morte, nessa justa ordem cronológica, 
Será sempre super bem vinda e, mais ainda,
Se de supetão.