Num sei si eu ia sê ôto trem naum sô…
Como vivê longe das Minas Gerais? Das alterosas, on tudo é ali mês,
Onde o povo é generoso, só gente de paiz, onde um grita truco e o ôto berra seis!
On tu di bão vende na venda, on recebe o zôto bem,
On tem queijo de oferenda, on tudim mês vira trem.
On tem moça mais bunita, também tem onça pá daná,
Tem montanhas froridas e um sór de fazê gosto ispiá.
A gente tudo simprifica, cum um sô, trem ou um uai,
Tá ruim nóis modifica, nóis bebe de golada e num cai.
Nóis é mei discunfiado, recebemo bem, só inté na sala,
Mas com o coração tudim iscancarado, inda por cima muito pôco a gente fala!
Mas quando o visitante diz que já é hora,
Leva pinga, queijo, broa e linguiça defumada,
Potes de doce de leite, de figo, até de amora,
E na mala arrumada, leva uma sordade danada!
Ser mineiro é sê simpres, é sê diferente:
Nóis reza, nóis crê, nóis dança, nóis pranta,
Nóis bebe, nóis se diverte indeus de semente
Uai, se tudo tá ruim, sô? É aí que nóis canta.
Ser mineiro é protagonizar a linda história,
Nascer em berço, construído em suor,
Ao revivermos os nossos feitos de tantas glórias,
Nossas façanhas, nós as temos bem de cor,
Os conjurados perpetuaram-se nas memórias
E a Liberdade nos será o dom maior.
Ó Minas Gerais, trazes na sina a vitória:
O teu povo alvissareiro, que é o que tens de melhor!