A arte de viver.
A vida é bela quando se acendem as ilusões E as luzes da ribalta anunciam mais uma lúdica e intensa atuação. fulgem os mais puros sentimentos, vertem-se as lágrimas contidas, emergem os sofridos momentos, fragmentos descolados de uma vida que se encontram nesse instante de emoção. A arte imita fielmente a vida, Bem representada torna iminente o epílogo, Um tempo psicologicamente curto, porém, justo! O clímax anuncia liricamente o final, É quando se suplica freneticamente mais luz. E o artista em delírio ignora o bastante, Implora dramaticamente um último ato, Um último abrir de cortina... Um último frenesi, Sem atinar que cenicamente blasfema, Na desvairada pretensão de ser Deus... Então as cortinas se emperram E humildemente conforma-se com a divina semelhança. As luzes vão se apagando e focarão somente as lembranças de quem personificou beleza, liberdade e pureza, prazer e amor. Provocou risos, prantos, encantos e sonhos. A vida só valeu a pena quando se leva como recompensa o aplauso e a certeza de que por instantes tornou o mundo melhor. Só de instantes vive o homem. A eternidade é conseqüência e dádiva divina aos éticos no expressar. Apagam-se as luzes, Mas não as mentes sensíveis de um público expectador agradecido, por momentos de êxtase que gelidamente a vida lhe nega, E comumente pelos próprios temores. A vida é bela, quando dela se sabe sair, Curvando-se aos efusivos aplausos, Direcionando-os ao mais digno Cenógrafo. Viva o teatro! Viva-o tão intensamente que mesmo nos bastidores, ou no íntimo de teu camarim, Ao deparares com a derradeira ribalta, Querubins e Arcanjos uníssonos te louvem Com brados definitivos e confortantes de: Bravo! Bravo, homem! (RAS)
Enviado por (RAS) em 07/10/2007
Alterado em 21/01/2023 |