O lado de lá...
Chovia… uma chuva fina insistente, quase neblina…
Ante a minha janela erguia-se um imenso muro e eu ali debruçado, com o olhar, do horizonte privado, indagava-me: e lá fora?
Aquele muro emblemático, ora fortaleza, ora alienante…
Tudo é assim na vida...tudo se resume num prisma,
onde só será relevante o seu ponto de vista…
Infindas possibilidades... como eu amo esse vocábulo polissílabo de conteúdo abundante e significado deslumbrante… aqui implicitamente expresso nas constantes reticências…
De volta àquela cena, onde o muro alto que protege, também limita a visão, tirando pontinhos das reticências e arbitrariamente decretando o ponto final, deixa-nos abismados...
O que segue lá fora, então não existe, eu entendo o mundo como aquilo que avisto e onde eu aventuro acompanhado de diversos adjuntos adverbiais de modo, por exemplo, resilientemente…
Esse muro fez-me pensar, liberto-me dele ou mergulho no seu anverso? O que me encabula de repente remete-me à Gênesis, à maçã…
Somos camaleões das eras: sobrevivemos aos “aquéns” e “aléns” muros… numa perfeita e intrigante adaptação, de aprendizados… e evolução…
Derrubar os muros ou fortalecê-los dependerá da intensidade do lado de cá ou o lado de lá, há espíritos, por sinal como o meu, que abominam, veementemente, o tédio…
Muros são como abajures, limitam a luz e fornecem a penumbra, não raras vezes, presentes nos sonhos que, na realidade, podem ser vividos em ambos os lados.
Para resumir tantas reticências entenda: viver intensamente é tipo, às vezes, pular o muro da escola… você ousou fazer isso?