Marcando Garrincha, uma síntese da vida.
Enquanto eu gasto todas as minhas velas e
ocupo todos os meus santos, o vento,
como o “Anjo das Pernas Tortas”, sopra-me
para um lado e passa pelo outro, e às vezes
para ridicularizar-me, com requinte de
crueldade, repete a façanha várias vezes,
depois de me deixar tonto e quase sentado,
cruza... e o tempo, matador, cuida de finalizar
o intento. E eu atônito fico a me indagar: ainda aprenderei marcar Garrincha?
Nuvens de testemunhas imperceptíveis
assistem a peleja, e nela interferem com seus
cantos de guerra, de um local VIP, por sobre o
estádio...
Assim, a vida é como uma partida de futebol,
que termina exatamente aos noventa minutos
cravados do segundo tempo, sem acréscimos
ou prorrogação, só que não se sabe quando
será o apito final, resta-nos jogar... bravamente,
jogar...
"O jogo é jogado e se ganha nos detalhes",
comentam os dele sobreviventes e os seus
especialistas…
Então: “- haaaaja velas e santos, risos e
prantos, faltas e catimbas!”…
Convenhamos, só o esforço para marcar Garrincha, "só na bola", já seria um um vasto aprendizado, um exercício de humildade e um inenarrável privilégio!