As certezas dos outonos.
Certa vez a vida florida, num cesto mantida,
Em multicores se abriu... foi-nos tão florida a vida, perfumada e diluída, num buquê rosa e anil!
Bateu-lhe tanto o vento! Ao ser deixada ao relento,
Às intempéries mil... tão sublimes momentos, desejos, sonhos e intentos, de onde o amor surgiu...
Fez-se a vida jardim, por você e por mim,
A enfeitar nossos dias... nem parecia ter fim,
Aquela cor carmim que assim nos coloria....
Mas a natureza siliente, ao ver amor tão ardente,
Enciumou-se de vez...
E descaradamente, mostrou-nos a serpente,
Que o paraíso desfez.
Bastaram alguns outonos, nos descuidos dos sonos, os arranjos secaram...
E nem todos os gnomos! E nem tudo o que fomos!
O epílogo evitaram.
A vida nos será margarida, do mal me quer a ferida,
Do bem me quer a saudade...
E ao ser assim destruída, de suas pétalas despida,
O fim ser-nos-á realidade.
A vida foi-nos tão linda, de outras vidas vinda,
Mas trouxe-nos incertezas...
Mas a vida ora se finda, para quem com ela não brinda
E a abandona sedenta nas mesas...