A flor certa, ainda que tardia....
Deixe que a rosa perfume, que te cause tanto ciúme,
Deixe ela habitar o jardim..
Deixe que o mel lhe adoce, nao deixe que seja precoce,
Na tua vida, o tão triste fim!
Deixe que ela soberba brilhe, desde que portanto não trilhe, à margem dos teus desatinos.
Deixe que o mar a embale, e faça com que ela se cale e siga, por fim, o seu triste destino.
Deixe que a terra a engula, sem receita e sem bula,
Quem tanto te foi espinho!
Então deixe que ela se dane, que ela própria se engane, nas lombadas dos seus descaminhos.
Deixe que o tempo voe, deixe que o teu grito ecoe,
Mas mantenha-te bem vivo!
Deixe que o sol renasça, atente para quem te abraça e saibas o real motivo.
Deixe que o tempo senhor te cure da imensa dor
E traga-te a flor certa.
Deixe que venha o outono e entenda esse abandono, como a única porta aberta.