Fazenda.
Do meu Jeep sem capota fiz uma espécie de cinema, E na entrada da fazenda captei tão lindas cenas. No azul do céu o sol entre nuvens irradiava, Os seus raios de arrebol no belo dia que raiava. Eram pastos verdejantes pelos gados mastigados, As imagens mais marcantes daquele lugar encantado. De longe filma-se a porteira, se ouve dela o rangido, Qual carro de boi na ladeira, o boi a soltar seu mugido. E já dá para avistar a varanda da amada e velha fazenda, A cadeira de balanço que embala mirabolantes sonhos, Onde ouvi cirandas, causos sérios e assustadoras lendas, Onde eu canto e falo errado e de mim não me envergonho. Galináceos, suínos, equinos, Galinheiro , chiqueiro, curral... Pássaros, caprinos, bovinos, Cachoeira, riacho e matagal... Morros, serras e muito prado, Cheiros de estrumes e recordação... E todo urbanismo lá deixo de lado, E mato a saudade do lindo rincão. O café “quentano” no fogão de lenha, No bule antigo que esquenta saudade... Lá tudo se abre e nada tem senha, E lá não consegue vingar a maldade. A noite é linda com orquestra de bichos, O silêncio propaga a imaginação, A natureza tem lá seus rabichos, Que conquista deveras qualquer coração. Já não é mais do Jeep, mas da minha saudade, As imagens que levo do distante grotão, São idas e vindas e tantas despedidas, Riquíssimo acervo em meu coração. Essa saudade que fez em mim pousada, E vem em cheiros, chuvas, noite e dia, Pois foi ali a minha infância de brio forjada Sob os singelos olhares da Virgem Maria.. Uns me chamam de matuto, Mas não sou matuto não, Eu sou um caipira astuto, A domar esse mundão. Venho de um sistema bruto, Onde o chicote é a razão, Sou no arreio um resoluto, E o meu orgulho é ser peão. (RAS)
Enviado por (RAS) em 24/06/2019
Alterado em 24/06/2019 |