Dimensões.
São imensos e áridos os nossos desertos,
Misteriosos e inquietos os nossos mares...
E os nossos obsessores ali tão pertos,
Nos elos dourados de nossos colares.
Até nossas covas um dia prescrevem,
E só se sustentam nas nossas crenças,
Então nas lápides saudosos escrevem,
O omitido naquelas carentes presenças.
Na intransponível solidão da alma,
Expande-se o gélido e enorme vazio.
O som que o Espírito por vezes acalma,
É o mesmo que o torna incauto e arredio.
Todas as honras prestadas pós vida,
Não superam o poder de uma simples oração.
Na matéria é intensa a dor da ferida,
É o jazigo o portal d’uma cicatrização.
Fugazes são os caminhos pelo homem escolhidos,
Calcados em delírios, sonhos loucos e quimeras,
Limitados por preceitos tão descabidos!
Depurados nas lixas e nos gumes das eras.
O homem é ainda um ser inacabado,
Faltam-lhe as asas para o voo alçar,
Pois será ele, um dia, bem aventurado,
Quando enfim esse voo, a Verdade alcançar.