Tormenta.
A cada beijo que me negas, morro um pouco,
Ao que o mundo corrobora e fica triste.
E a cada instante sem te ver fico mais louco,
E o tédio a me invadir então persiste.
Circulam lentos e melancólicos os ponteiros,
Do relógio a minha frente, qual tortura,
Com hipnóticos tique-taques traiçoeiros,
A enfadar o meu olhar que lhe procura.
E vem a noite com seu véu de estrelas e lua,
A colocar a sua imagem em minha mente,
Também me traz a realidade nua e crua,
A sua ausência inexplicável e insistente.
E rompe o dia na doida busca de alegria,
Mas o relógio é o mesmo, a me iludir.
Quebrá-lo é atraso e de pouca serventia,
O tempo é dono do destino e do porvir.
Assim eu passo os meus dias a sua espera,
Sem saber o quê me fez eu lhe perder.
Tira-me o mundo o que ele de melhor me dera,
Isso eu jamais conseguirei compreender.