Enquanto os ponteiros sossegam…
O tempo em mim sempre urge… Talvez seja a minha ansiedade… Uma enigmática relação de causa e efeito… O fato é que, enquanto tal enigma provoca-me, segue o tempo a vencer-me. Horas marcadas: consultas, exames, compromissos e cervejas… Quase me esqueci do meu medo de perder o trem… Há tempo em mim para a mineirice de ver a todo tempo o trem de mim a se distanciar. Então as horas dos meus dias saltam dos relógios E pousam nos receituários… A noite é fracionada, nem cabem mais os sonhos… As distâncias aumentam… Os dias escorrem velozmente… E o fazem em um leito margeado de desperdícios, apatias e medos. Arrependimentos não os retêm. Tardios, expõem dos dias a intrigante pressa. Então, senhores entregam-se ao saudosismo… As existências trazem nos seus ômegas e âmagos a tristeza E com os seus alfas, as imensas saudades me alfinetam! O indomável e implacável tempo é soberano… Interceptável… Um dia as passadas não mais irão acompanhar, ritmicamente, os tique-taques…. E pode ser que me restam pouquíssimos sonhos, Pouquíssimos alvoreceres, sofríveis ocasos… Surpreendentemente, Invadem-me ilhados momentos de repentinos e intensos elãs… O corpo todo estremece de felicidade... O coração palpita, Turvam-se, umedecidos, os olhos… Mas quando nítidos… a realidade: O relógio parou… Mas o tempo seguiu… O tempo não intensamente vivido, é tempo estupidamente perdido… Não te esqueças de dar-te corda, de virar a ampulheta ou torna-te automático. Não percas tempo tentando matá-lo, o segredo é domar sua selvageria, para que ele não te subjugue ou, como Cronos, preventivamente te engula. O tempo não se pode matar, mas a todo instante pode-se perdê-lo, assim, o próprio homem torna-se o Pegasus desse tão impiedoso Titã! (RAS)
Enviado por (RAS) em 01/02/2019
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