A estrelinha kamikaze.
Entre os astros fulguravam os seus anis,
Em trajetória inexplicável e temerosa...
Ainda assim, eficientes os seus ardis,
Deixava toda Via Láctea pavorosa!
A ignorar leis, compromissos, sacramentos,
A estrelinha, nas entrelinhas, serpenteava...
Pressentiu o buraco negro de lamentos...
E evadiu-se, pois quase a sorte lhe deixava...
E a estrelinha em sua órbita ousava,
Em piruetas, nova rota descrevia...
Um outro orbe, tal qual ela, procurava,
Mas sua caça o que era não sabia...
Ela se viu em queda livre, livre de quedas,
Em flashes de luzes, o percurso se fazia...
E a estrelinha do seu foco não se arreda:
Sempre a sorrir nas poses de fotografias...
De repente a estrelinha se esvaiu,
O flash agora é o esplendor de um clarão,
Pois bem parece que a estrelinha se iludiu,
Nos próprios dons, nas peripécias da ilusão.
Na Terra, descomunal cratera se abriu...
No firmamento a saudade madrugou...
Na enorme fenda a estrelinha então se viu...
E em mil pedaços ela também se espatifou.
A estrelinha infeliz se fez cadente,
Em plena vastidão da noite escura,
A mais certeira e venéfica serpente
Não tem defesa anti queda de alturas.
Estrelinhas, aventureiras estrelinhas...
Evitem rotas que as levem às agruras...
Permaneçam em seus domínios azulzinhas,
Nas lácteas vias de sabores e doçuras.