Amar é preciso, porém, impreciso. (A Inês é morta.)
Imponente e maravilhosa a narrativa de Camões!
Linda história de amor, rodeada de paixões.
Ó galega, que por tão nobre sentimento morrestes!
Aqui eis humilde preito, em fragmentados lembretes.
Tivestes vós, até na súplica, de amantes a elegância,
E das flores lusitanas exalastes as fragrâncias.
Os amores verdadeiros desafiam as fragatas,
Mas são tantos os navios, a frustrarem as regatas...
Não vos entregastes a morte, o fizestes ao vosso amor,
Atitude rara e nobre, sem temer o horror da dor!
Nem é tanto pela espada, que a degolou sem piedade,
Mas será se os vossos filhos tiveram de Afonso a liberdade?
Mais uma vez vem do povo, a sentença mais bisonha,
A condenação de quem ama, a morte de quem sonha.
Se Dom Pedro os fez, em fila, beijar-vos a defunta mão,
Mostrou a um povo inteiro, a quem deviam devoção.
Um amor assim tão lindo, qual o de Pedro e Inês
São em versos relatados, qual o fado Português!
Há uma fonte de água límpida, onde salgou o vosso pranto,
Em deferência ao amor, ao seu ardor e seus encantos.
Tão infeliz o vosso algoz, ao tirar-vos de súbito a vida,
Agora ao beijar-vos as mãos, faz-se justa a despedida.
Se “navegar é tão preciso, e viver tão impreciso!”
Eis que é “mui” preciso amar,
Como uma deusa no altar,
A Inês no paraíso...