(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos

Amar é preciso, porém, impreciso. (A Inês é morta.)

Imponente e maravilhosa a narrativa de Camões!
Linda história de amor, rodeada de paixões. 
Ó galega, que por tão nobre sentimento morrestes!
Aqui eis humilde preito, em fragmentados lembretes.

Tivestes vós, até na súplica, de amantes a elegância, 
E das flores lusitanas exalastes as fragrâncias.

Os amores verdadeiros desafiam as fragatas,
Mas são tantos os navios, a frustrarem as regatas...
 Não vos entregastes a morte, o fizestes ao vosso amor,
Atitude rara e nobre, sem temer o horror da dor!
Nem é tanto pela espada, que a degolou sem piedade,
Mas será se os vossos filhos tiveram de Afonso a liberdade?

Mais uma vez vem do povo, a sentença mais bisonha, 
A condenação de quem ama, a morte de quem sonha.
Se Dom Pedro os fez, em fila, beijar-vos a defunta mão, 
Mostrou a um povo inteiro, a quem deviam devoção.
Um amor assim tão lindo, qual o de Pedro e Inês 
São em versos relatados, qual o fado Português!
Há uma fonte de água límpida, onde salgou o vosso pranto,
Em deferência ao amor, ao seu ardor e seus encantos.

Tão infeliz o vosso algoz, ao tirar-vos de súbito a vida, 
Agora ao beijar-vos as mãos, faz-se justa a despedida.
Se “navegar é tão preciso, e viver tão impreciso!”
Eis que é “mui” preciso amar,
Como uma deusa no altar,
A Inês no paraíso...

(RAS)
Enviado por (RAS) em 31/05/2018
Alterado em 26/06/2022


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