Legados dos Espíritos.
A cura, a antecipação dos acontecimentos, a versatilidade, a mobilidade, a fluidez, a capacidade de transcender e manusear o fluido cósmico são próprios dos Espíritos mais ditosos.
O medo, o autoconceito, fundamentado no que se julga gozar perante o meio em que se vive, a sensibilidade da carne à dor, as poeiras de remotas existências são partes de grilhões, construídos em profundos porões, úmidos e frios, onde os Espíritos, paradoxalmente, depuram-se nesses doridos limites, envoltos em lodos, que além de tudo cegam os seus detentos e os submetem a uma treva, bem nas profundezas da alma, mais precisamente, nas entranhas da consciência...
O conhecimento emocional pleno, o conhecer a si mesmo, o agir por empatia e a proativa percepção da reação do outro é como a luz do sol que tardia, por ser temido pelos olhos que acostumaram-se a escuridão, enquanto o Espírito é impedido de voos corretivos sobre os estagnantes valores humanos.
Tudo assim ocorre, enquanto não for autônomo o desdobrar, enquanto o terrível medo sufocar esse Espírito que é imortal e clama por liberdade.
Assim, por muito tempo ainda serão milagres as curas, adivinhações e até bruxarias, as habilidades e capacidades dos Espíritos, enquanto que alguns, comodamente, prendem-se aos seus parcos invólucros e, conseguem ser de si mesmos, os próprios carcereiros... e, portanto, passarão a eternidade sob torturas, a escutarem o tilintar das chaves de seus acessos à última fronteira: a pretensa perfeição.