Manhãs.
Queimam-se os instantes nas fogueiras da ansiedade, ardem os momentos nas fornalhas da destemperança, murcham-se todas as flores no contato com a maldade.
O mal, pela nossa vida, mal vivida e desregrada, a fio avança...
Mas em todas as manhãs florescem os instantes, todas as manhãs tornam-se abundantes fontes de recomeços.
O alvorecer anuncia mais um dia em sua vida radiante! É uma avenida de alegria, serpentinas, alegorias e adereços...
O seu dia pode ter o ludismo de um temporão carnaval e desfilar a sua frente a natureza, embalada por um enredo de amor, ou poderá ser-lhe o dia, a lembrança de um fúnebre cortejo, como aquele triste pesadelo, no qual você tanto se debate, e nem assim acordou ainda...
As manhãs nos convidam a celebrar o dom da vida... e nos injetam a necessária e suficiente dose de energia... e nos mostram que a vida é uma estrada tão
comprida... e que às vezes a deixamos tão vazia!
Cada fração de tempo desperdiçado torna-se tão caro! Um grave insulto a Deus, por conta de puríssima ingratidão.
O agradecer por tudo isso é, deveras, um fato raro, assim, sua estrada se turva, a tornar-se pântano, ao manter-se de Deus essa inconcebível e infesta distância.