Vidas.
Eu te conheci nas medievais vielas de Madri, em subterrâneas tabernas, de tantos cálices de vinhos, por ti erguidos, de lautas iguarias postas em rústicas mesas...
De tantas odes! E nem espada eu portava…
Pergaminhos no alforje, avesso às touradas, admirador do teu flamenco, menestrel de autorais trovas a exaltar os teus encantos.
Fui alma agitada, mas alma de paz… Suportei almas traiçoeiras, convivi com seres, como eu, ao relento e ao hedonismo entregues.
Bebi com piratas, pilantras, padres e prostitutas...
Bebi com os nobres e aventureiros e com os quais, funcionalmente, tive que te ver se ir… e ouvir, tantas vezes, o silenciar de tuas castanholas…
Eu te conheci... atentamente a olhar-me, a ouvir os meus nada parnasianos versos.
De ti ouvi loas…tantas e apaixonadas loas!
Inspirado, eu escrevia e, em irretocáveis performances, eu salpicava de versos os noturnos saraus, em castelos, praças públicas, becos e arenas...
Eu te conheci, em plena idade das trevas. Ali, eu egoisticamente te desejei, mas, assim, não te tive…
Hoje raiamos no esplendor de nova e regeneradora era... e os meus versos ainda pulsam, no entanto, pasmem todas as deidades!
Mais uma vez não a tenho...