Abandono.
Por que ir tão longe e retroceder?
O ouro está ali na outra ponta...
Por que, agora, tão perto esmorecer,
Se já caminhamos até demais da conta?
Por que desperdiçar tantos momentos?
Logo ali estaria o pote de felicidade…
Por que transformar alegria em lamentos,
Se o retrair é sinônimo de indignidade?
Por que exterminar os sonhos tão lindos,
Se ignorar ou fugir da verdade machuca?
Por que atrair umbrais lamacentos, infindos,
Se podemos evitar essas coisas malucas?
Por que optar por um mar de tormentos,
Que chacoalha a tua já cansada nau?
Por que apostar em tantos sofrimentos,
Se aniquilar os sonhos, irá ferir-te o real?
Por que o acomodar? Em tudo haverá obstáculos...
Se houver muito o que pegar, ser-te-ei os teus tentáculos.
O recuar simples é inoportuno, insana e infeliz escolha,
É como aventurar nos turnos, envolto numa densa bolha!
Egoísmo explícito e imenso, de forma alguma tolerável,
Que torna tudo tão propenso a um caminho triste e inevitável,
A um fim de úmidos lenços, mas tão facilmente explicável!