Desengano.
Não compare o teu dito amor,
Que ante a qualquer dor,
Não suporta e se manda,
Com esse Amor que transcende,
Que aos céus fiel se ascende,
Varrendo-nos as demandas.
Não justifique a tua fraqueza,
Na verdade e na beleza,
Das palavras sagradas.
Não as use futilmente,
Enganando a tua mente,
Usando-as no que te agrada.
Quando o assunto é o amor
Será espinho ou flor,
Ou ambos em tua vida,
Jamais bata em retirada,
Tornando a pessoa amada,
Uma alma penada, ferida!
Qual alma não se revolta,
Com quem a prende e a solta,
De forma tão grotesca?
Com quem a tem em segredo,
Numa espécie de degredo,
Em carências tão dantesca?
O errar será sempre humano,
O não perdoar, mais ainda.
O amor aqui é profano,
Aqui se ele dói, ele finda,
Mas deixa nas almas a marca
Um vazio imenso, insano.
E a alma constrita embarca
Em busca dos seus desenganos.