Tanto querer!
Eu quis conferir o pote de ouro, no fim do arco-íris;
Eu quis incandescer a fraca luz, lá do final do túnel;
Eu quis responder acertadamente a douta esfinge;
Eu quis levar para casa a frágil caixa de Pandora;
Eu quis furar o poço que daqui chega ao Japão;
Eu queria injetar vida no já inerte corpo de Inês;
Eu quis engordar, para pelo menos ser rei Momo;
Eu quis parar o mundo nos tempos da felicidade;
Eu quis, em um oráculo, com os deuses conviver;
Eu quis pentear os cabelos da górgona Medusa;
Eu quis vadear na Terra, qual andarilho errante;
Eu quis esconder o Veio de Ouro, em angras claras e rasantes;
Eu quis ser hábil argonauta, em mares tão de mim distantes;
Eu quis ser Davi, a florir o mundo de Salmos;
Eu quis ser jardineiro de um jardim de flor de lis;
Eu quis ser um dos Titãs, sem o mínimo poderio;
Eu quis ser feliz, mesmo em insanas fantasias;
Eu quis beber da mesma safra que bebeu o sedento Baco;
Eu quis comandar o universo, assim como Oxalá;
Eu quis organizar o Caos, logo após o “Big Ben”;
Eu quis ser filho do sol, para herdar o que ele tem.
Eu quis tanto, no direito de tudo poder querer!
Tudo isso para ser o deus, que fosse o único a te ter.