As estações do homem. A natureza se desfaz e se refaz. A existência se eterniza em ciclos e intervalos. O homem flutua no lógico, num raciocínio estritamente material, portanto, limitado, mas que o apraz e o determina. E assim, tudo é mistério e a humanidade se contenta com as alienantes respostas que não se situam além dos narizes. Tudo é cíclico, cenários e atores, exceto o Idealizador. Peças, atos, bastidores e enredos fracionam a essência humana em artes, sem no entanto desvendá-la. Dos ensaios raríssimas lembranças, um falso ineditismo que motiva o avanço. Toda matéria se esvai, apenas a matéria. Na verdade,o Espírito e natureza fundem-se e nos confundem em complexos sistemas e padrões, a limitar o ilimitável. Até os trinta anos o homem vive a sua primavera, Renasce no hausto divino, anunciado em choros e flores E aos poucos amadurece. Estação dos aromas, da beleza, da juventude, Quando é tanta energia, que dias e noites se igualam em duração e haja desperdícios... Quando a temperatura e a paisagem exalam odores de cio, arrebatam cópulas, germinação, risos e assanhos… E, nem por término, sabe-se se noites vividas foram ganhos ou perdas. Dos trinta aos sessenta, a paixão aumenta, O homem vive o seu verão, o sol mais próximo a fritar cérebros e despir corpos, Os dias são maiores e, às vezes, faz-se necessário a chuva, para refrescar o homem e umedecer o solo, É o auge do homem… A proporção entre dia e noite resulta em muito mais atividades e menos descanso, os dias são bem maiores, Contudo, significa também, o despontar do crepúsculo. Além dos narizes, o homem é a sua fé. Primavera e verão, intensa reprodução, quando o sol protagoniza o aquecer e iluminar tudo, como que num larguíssimo sorriso, tornasse o mundo mais insinuante e envolvente. Dos sessenta anos ao término do ciclo, o homem vive as duas restantes estações. No outono, menos chuva, as folhas caem, grisam-se os pelos, colhem-se os frutos, começa-se a predominância da noite, do frio,.. É o tempo da reflexão, de buscar lembranças, de rir das lambanças, voltar ser criança, de dosar a tensão. Até que chega o inverno. Hibernação, migração, congelamentos, descansos, tudo em tons de fim. Noites enormes e frios paralisantes. Estação da razão, da preparação para o novo ciclo. Repõe-se as energias, as folhas que lá no outono caíram, fertilizam, viabilizam o solo, para o reflorescer. O inverno recolhe o espírito para o necessário e natural refazimento, para a reprogramação, quando o homem tem capacidade de escolher como e quando renascer e de agradecer ao Criador pela empolgante aventura. Ah, como tudo é tão didaticamente inexplicável e tão saborosa e misteriosamente digerível! É tudo muito mais que fantástico! É,por enquanto, inefável. (RAS)
Enviado por (RAS) em 21/07/2017
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