“Vigiar é oração em ação, Caridade é ação da oração”.
Vigiar não é apenas nos colocarmos atento, o tempo todo, na condição de atalaia, com a finalidade de nos prevenirmos do mal que, pela natureza de nosso planeta, inevitavelmente, manifestar-se-á em algum momento, em certos casos, ad eternum, tudo depende do que plantamos. Na verdade, o sentido cristão de “orar e vigiar” funda-se no “agir”, quando o fazemos nos parâmetros do bem. A Caridade constante, como parte de nossa alma, é amorosa, abstendo-nos de todo e qualquer interesse, que não seja o bem, já é o “orar”. A proteção rogada e pedida por promessas, sacrifícios, e por meios outros até profanos, ora, quem a Caridade pratica gozam dessas benesses divinas naturalmente. Em vão passamos por essa existência, se esperamos que nos apontem e nos levem ao que se deve ser feito, por meio de rezas e ritos, que mais servem como desencargo de consciência. Em verdade, somos o suficiente sabedores do que devemos fazer. O caminho certo foi há mais de dois milênios mostrado, sempre será apontado, sempre gritante nas mentes, ainda muito obtusas, do homem, mas nada jamais nos será imposto, destarte, o livre arbítrio nos será graça ou infortúnio e a melhor forma de bem utilizá-lo é na Caridade, sempre!
Ao procurarmos as nossas missões, nossas utilidades, nos apequenam e nos apropriamos de um comportamento insular, ao nos considerarmos os únicos no caminho certo, ao orarmos para que nos apareça a missão, enquanto centenas de seres humanos afogam às nossas margens, ante nossos incautos e desfocados olhares e aos nossos arredores bóiam exaustas e terminais almas, suplicantes de um mínimo de atenção, de uma bendita mão para se agarrarem. Mas, ai de nós, se não agirmos, a natureza, certamente, o fará, o mar sugará as nossas inutilidades até o chão estranho de suas profundezas abissais .
Assim tem-se o inicio da insulação, nessa busca inócua e absurda do que fazer, enquanto perdemos tantas e incontestáveis oportunidades que nos são dadas todos os dias pelos céus.