Efêmeros.
Quando o encanto se esvai, nas frações dos descuidos,
Quando o amor se vai, como se vão os fluidos,
Quando tudo se desintegra e se espatifa pelo chão,
Quando não há mais entrega e tudo perde a razão ...
Quando os cacos se contentam, com a queda e a separação,
Quando distantes se sustentam,
Sem sentirem a solidão,
É quando o imenso amor vaza,
Por entre os dedos das mãos...
Para o amor ser eterno, exige incessante vigília,
O descaso é o seu inverno, a distância o torna ilha.
Depois que o cristal trinca, qualquer brisa o despedaça,
Quem com o amor tanto brinca, aos poucos, o desprezo abraça.
E são tantos os sinais, de que se aproxima o arraso!
E se tornam tão banais, como qualquer outro caso...
Tudo é como a chuva forte, toda lama lava e leva,
Como o sangue sai do corte, como a luz desfaz a treva...
Assim finda um grande amor, trocado por prioridades...
E por fim fica a grande dor, de só vivê-lo na saudade.
Quem julga eterno o amor e ignora a sua fragilidade,
Irá sentir o dissabor de jamais tê-lo de verdade.
O amor é como a flor, lindo, frágil e carecente.
Ser cuidado com ardor é do que ele mais depende.
E a flor para ser viçosa, será tratada com carinho
E regada em verso e prosa, pelas plagas do caminho.
O amor é como flor de cristal,
Exuberante, enquanto do móvel não cai,
O insensato descuido sempre lhe é fatal,
Queres amor eterno? O amor que não se vai?
Esqueça até mesmo de ti!
Se o muro for de arrimo, certamente não cai...