O remoer de saudade.
A saudade é como a lava incandescente,
Que queima o peito da gente
E o peito é vulcão calado e triste,
O coração, o primeiro a arder,
O primeiro a virar cinzas
E depois renascer...
A saudade brota do fundo da alma
E traz consigo toda fervura,
Fundem-se todos os sentimentos,
Como a turba a buscar vazão.
A saudade se expande,
Proporcionalmente, à valia do ausente.
A saudade encurta o tempo da derrocada do pranto,
A saudade explode no barulhento liquidificador das reminiscências.
A saudade queima a sensatez,
Remete a alma a sua pequenez,
Traz de volta o desejo daquele lugar, daquele alguém... ou de ambos...
Daquilo que ameaça nunca mais vir...
E essa distância provoca a abrupta e atômica erupção...
Saudade é vulcão ativo,
Fogo vivo,
Ferida inflamada,
Em pus e lava a se expor,
Onde outrora florescia
As sementes das frondosas alegrias.
A saudade é tão triste...
A arder ela persiste,
Nas lembranças... em canções...
E se a ausência ainda insiste,
Se é de alguém que aqui ainda persiste,
Tolas são suas razões.