Em um Eterno Noturno.
O vento varre a folha seca,
O vazio a lua cheia clareia,
Uivos tangem a quietude
E o espírito inquieto vagueia.
Expostas as flores balançam,
Vidas noturnas se assanham,
Bichos famintos despertam
E os ébrios da vida apanham.
Sombras refletem na rua,
O firmamento puro show,
O mar se agita com a lua,
Submissa a maré marejou .
As noites cheiram à gardênia
E as bocas baratos buquês,
Emergem nas almas boêmias,
As dores que o mundo não vê.
A aurora escancara os efeitos,
Que a vida noturna produz,
O Espírito volta ao seu leito
E a alma revê sua cruz.
As noites guardam em seus mistérios,
Costumes que as almas depuram,
As noites abrigam impropérios,
Que as chagas das almas não curam.