(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos

 

 

 

Batear.

O meu prazer é lapidar os vocábulos,
Por outro lado, não sei bem me expressar,
Em meu galope há sempre trocas de cavalos,
Cavalgo ensejos, sem conseguir me desviar.

Nesse ofício, vale saber usar a rima,
Como na vida é bom saber usar a flor,
Uso a doçura que há na laranja-lima,
Para adoçar um inesperado dissabor.

Trago meus versos nas rédeas do meu tempo,
E há nas estrofes os reflexos de um viver,
Meus poemas tem os mesmos dons do vento,
Ora é brisa que afaga, ora vem tudo varrer.

Eu sou poeta, um persistente sonhador,
De sonhos bons e repletos de magias,
Se me faltam rimas, não me falta o amor,
O que mais inspira minhas meras poesias. 

Alegrias e tristezas alternam-se nos caminhos,
E nos estribilhos revezam-se risos e prantos,
Meus versos são bateados e catados com carinho,
E assim se fazem suportáveis os desencantos.

Na bateia agito frases, que ainda brutas,
Formam versos de inestimáveis valores,
Como um pomar, colorido pelas frutas,
Como um jardim, perfumado pelas flores.

Eu sou o poeta que a todo amor exulta, 
Os madrigais exorcizam minhas dores,
Se é do encanto que meu versejar resulta,
Torna-se insosso versejar nos dissabores.

 

Batear pressupõe-se encontrar o ouro,

E versejar é o lindo vocábulo a se esboçar.

Versejar e batear trazem mais que tesouros,

Dão ao poeta e ao bateeiro o privilégio do sonhar. 

 

(RAS)
Enviado por (RAS) em 03/01/2017
Alterado em 03/10/2023


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