Aforia.
De que valem as flores, O desfile de cores, Em contrastes tão lindos? De que valem os amores, Recheados de dores E de desgostos infindos? E a mão que acaricia, Qual é mesmo sua valia, Se não tem em quem tocar? De que vale um lindo dia, Se a noite é agonia E a solidão vai imperar? De que valem os meus impérios, Rodeados de mistérios, Se não posso ser feliz? Só me restam os cemitérios Favoritos refrigérios, Onde encontro flor-de-lis. De que valem as ruas desertas, As porteiras sempre abertas, Se me encontro tão vazio? De valem sinais de alertas, Nas pernas bem abertas, Da linda gata no cio? De que adianta o cultivo das rosas, Ser, enfim, tão bom nas prosas, Se ela tanto lhe recusa? Para que frases amorosas, Se a doce dama airosa Nega ser-lhe eterna musa? (RAS)
Enviado por (RAS) em 20/12/2016
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