Renúncia: "Nem tanto Davi, nem tanto Quixote."
Hei de vigiar os meus sonhos, daqui por diante,
Hei de, doravante, quem sabe, nem mesmo sonhar,
Hei de privá-los da entrega total, delirante,
Hei de ser lúcido, a ponto, de um sonho enterrar.
Hei de ignorar o Quixote, sempre em mim derrotado,
Hei de poupar seu corcel, dos galopes errantes,
Hei de contar com a sorte e a razão do meu lado,
Hei de empunhar o fundíbulo, que abate gigante.
Hei de desviar-me das flechas que matam,
Hei de evitar pusilânimes amores
Hei de antever os que deles se fartam;
Hei de antemão sepultar seus horrores!
Hei de atentar-me à realidade,
Hei de descrer nas verdades e juras,
Hei de antever as tantas fatalidades,
Hei de crer, que há feridas sem cura.