Desenganos.
Quando debruçares no que fizeste,
Terás amargura inconteste.
Será muito tarde talvez!
Calaste o que me era alegria,
Rasgaste a minha fantasia
E me arruinaste de vez.
Modulaste o enredo em tom triste,
Colocaste teu dedo em riste,
Na ferida sensatez.
És tão exímia quebra-encanto!
Responsável por meu pranto
Exuberar-se em calidez.
Quando olhares o espelho
E veres teu rosto vermelho
Depois da desfaçatez...
Reviverás o passado,
Que por ti foi maculado,
Ao viver só no que crês.
Quando te for o minuto eterno,
Conhecerás o inverno,
A noite e a sua frigidez.
Sentirás o que eu sinto
E verás que eu não minto
Sobre a tua sordidez.
O tempo te será carrasco,
Tal qual o vazio frasco,
Que te impede a embriaguez.
A alegria te será fiasco,
Contida em pequeninos cascos,
A condenar-te à lucidez.
Quando em teu engasgo sufocares
E implorar buscando ares,
No vazio que se fez,
Sentirás a minha falta,
Quando as luzes da ribalta
Apagarem-se de vez.